segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O que é amor

“Frase grande, sim, eu sei. A resposta, porém, tem um penacho menor. Afinal, eu estou cansada de mente-colméia, consciência coletiva, ou o que eu mais tarde conheci, Hollywood. Estou cansada de pessoas que constantemente agem como se estivessem num blockbuster americano.

Eu vim a este mundo muito tarde. Não tive tempo para me adaptar. As regras aqui são diferentes. Os seres humanos falam demais e ouvem de menos. De modo que eventualmente eu me vi em um dilema ao me perguntarem "o que é amor?".

Então, considerando toda a minha vivência no meu mundo e desconhecimento desse mundo novo respondi o que seria a resposta mais óbvia, mas também a mais correta. Amor é uma palavra.

Ora, uma palavra? Isso eu sei. Tudo são palavras, ouvi. Mas amor é só uma palavra, nada mais. Hoje entendo a careta que montou meu interlocutor em seu rosto logo antes de perguntar "mas o que significa essa palavra?". Novamente, o que me veio a mente e posteriormente à voz, foi o mais objetivo. Mas a esse ponto já estava começando a se tornar uma resposta. Amor é uma palavra que não significa nada.

Alguns humanos sentem um rastilho incandescendo as veias como se fosse magma que os habitasse quando ouvem coisa assim. Mas a presença de dois ouvidos é para detectar predadores: seriam necessários dois cérebros.

A palavra amor é apenas um veículo. Uma caixa vazia e sortida. Cada um tem uma caixinha diferente que insiste em chamar de amor. A de alguns é grande, a de outros é azul, a de outros está escondida. Mas existe. Dentro desta caixinha são colocados sonhos e expectativas. Infelizmente, as coisas não são tão lindas. Há uma tendência vil de se colocarem conceitos dentro dessa caixa. É aí que surgem os desentendimentos, os males do mundo, se você quiser.

Entenda, nem todos colocam as mesmas expectativas dentro da caixa. Mas ninguém imediatamente sabe o que esta dentro da caixa do outro. Costuma-se perguntar para saber. Também pesquisar para descobrir. Mas outras pessoas simplesmente desconsideram o que é pessoal para o seu próximo, desrespeitam a caixa do outro e o julgam pelo conteúdo não ser igual ao seu. Aí temos guerras. Pequenas, de relacionamento. Grandes, mundiais.

Ainda há quem não se desvencilhe do hollywoodiano, quem tente encontrar um denominador comum entre o conteúdo de todas as caixas e confeccionar uma verdade universal e incontestável. Mas o cru é isto. A própria sabedoria humana sugere que cada um sabe a cruz que carrega. No fundo você sabe que a sua caixinha é diferente da do seu próximo. Você quer isso, cada vez mais.

Se não por essa característica, nao teria eu me apaixonado pela raça humana. Nenhuma espécie pôde até hoje ser autoral a esse nível. O ser humano consegue ser poético dentro e fora do senso comum. Ao mesmo tempo objetivo e metafórico. Racional e emocional.

Afinal, pensando bem, sabendo que é cérebro, não se chamam essas caixas coração?”
-- Achasia

Location:R. Ceará,Belo Horizonte,Brasil

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