segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Adulteza

De tudo mais, sinto falta da humildade despretensiosa da infância. Quando o mundo não passa dos nossos brinquedos e brincadeiras com os amiguinhos e não há necessidade de sabermos mais do que nos cabe.

À medida que essa ‘coisa grande cheia de janelas’ vira um prédio, aquela ‘vontade de não ir para aquele lugar’ se transforma em medo e ‘aquela dor estranha no meu peito’ vira paixão – quando as coisas do mundo começam a ganhar nome e função – dizem que nossa mente se abre.

Sempre fui da opinião “quanto mais aberta nossa mente, melhor”, mas e o "só sei que nada sei"? Será mesmo que abrir a cabeça funciona? Entender e conhecer o mundo? Acaso isso não nos tornaria pessoas cada vez mais arrogantes e cheias de si? Senhores da verdade?

Como já dizia a música da banda Evanescence, “Quero voltar para acreditar em tudo e não saber nada”. A adolescência se provou ineficaz na minha vida (e certamente na de grande parte das pessoas). Nossos complexos de sabedoria nos faziam imbecis. Hoje já não dá mais pra consertar, mas pelo menos acabou.

Quanto a ser adulto… sinceramente, estou desapontado. Conviver com adultos só parece uma repetição mais hipócrita da minha adolescência. Jovens que fingem ser maduros e que, no final das contas, tudo que querem é conversar sobre seus amores e seus lazeres. Muitos dos meus colegas mais responsáveis querem é jogar jogos no videogame e sair na sexta à noite, comer uma pizza assistindo a uma animação na casa de um amigo. Jogar um RPG! A máscara do trabalho e da responsabilidade fala mais alto muitas vezes. A grande máquina da opinião alheia é por demais destrutiva. Têm por obrigação serem maduros e, por tentar simulá-lo, tornam-se mais infantis.

Adolescentes acham que sabem de tudo. Adultos têm certeza disso. Essa soberba, esse preconceito nos torna mais fracos e dependentes. No fundo, gostaríamos todos de voltar a infância, mas não é para não ter responsabilidades, não; é para não precisarmos ficar nos enganando dia após dia sobre o que nós queremos, sobre o que nós não queremos. Queremos poder ser criança para podermos finalmente ser francos com o mundo.

A terceira idade, a idade adulta e a adolescência são mímicas toscas do que os nossos sonhos de infância não conseguiram realizar quando nós mesmos caímos na tola tentativa de perseguir a felicidade absoluta.