segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Revanchismo

No último encontro falei sobre a dor. Muitas coisas me vêm a mente agora: carma, teimosia, “lei de Murphy”, “lei da atração”, birra (de Deus, principalmente), psicologia reversa.

Não faz muito tempo que assenti. Sim, a dor existia, estava lá e, enquanto não me matasse, eu continuaria. A minha era a paixão solitária.

Mas foi-se.

Ora, a própria Dor a quem eu estava agradecendo no último post simplesmente decidiu ir embora. A paixão que não era correspondida simplesmente correspondeu. E minha cara, como fica na história? E a poesia do último texto? Ideologia? Há!

Essa Dona Dor conseguiu dar uma rasteira no meu ego! Fez parecer toda a minha ideologia heróica e conformista uma tremenda hipocrisia poética! E o pior? Não tenho nem o direito de ficar bravo. Alguma coisa chamada felicidade me impede de brigar com a dor.

Céus, o que estou dizendo? Quer dizer então que estou achando ruim por não estar sentindo dor? Soa irônico e hilário. Tragicômico, mas é isso mesmo. Acho que no final das contas a dor era um grande bloco do que me construía. Algo que eu vinha sentindo há muito tempo, um drama sobre o qual eu montava toda a minha personalidade.

Sinto falta da dor por sentir ter perdido algo de mim, mas na realidade também me sinto despido numa multidão. Infantil, meio sem rumo. Sem dor, o que resta de mim?

Sei que pouco sei, mas consigo ver uma oportunidade de amadurecer com tudo isso. A felicidade está presente. A dor pode voltar, mas voltará diferente. Amo a forma que me sinto agora, mas, se porventura me voltar a doer, estou convencido de que serei uma pessoa diferente.

O amor propriamente dito, estive pensando, é o melhor professor sobre si mesmo.