Quando tapamos um buraco com cimento
O cimento do buraco é novo
E o que está à sua volta é velhoDestoa.
Cimento por cimento,
Seria o velho culpado por ser velho
ou o novo por ser novo?
sexta-feira, 27 de março de 2009
De última hora
terça-feira, 10 de março de 2009
O Mundo é Mágico
Perguntaram-me por que eu, após Furnas, como um grande cientificista, convertera-me à acefalia de acreditar em Deus ou Jesus. Categorizou-os como Mito, como Mágica.
Desconversei, mas discordo sumariamente. Continuo tão cientificista como antes. A Ciência completa a religiosidade. A Mágica não deixou de existir com a Ciência. Em verdade, a Ciência valida a Mágica.
É verdade que a Ciência explica as coisas, mas a partir do momento que ela explica uma pergunta, mil outras perguntas brotam imediatamente. Não há como dizer que isto não é Mágica, ou que não há Mágica nisto.
Ora, a Mágica torna-se verdadeira pela pura definição da Ciência. A Ciência nasce para explicar as coisas, tornando-se tão eterna e onipotente quanto uma religião ou um deus. Isso traz à tona o fato de que nunca haverá explicação para tudo o que existe.
Pois bem, se o inexplicável é Mágico, a Ciência por si só eternaliza a existência da Magia.
E em meio a toda essa inexplicabilidade, quem poderá ser tão prepotente a ponto de negar a existência de algo tão poderoso. Falho em perceber onde é que algo que não existe pode ter tanta influência no mundo e nas pessoas.
terça-feira, 3 de março de 2009
Vela
No começo é tudo cera firme com um pavio imponente e analítico.
Como que por um movimento falho, um mísero átimo de fricção, eis que me surge uma faísca para ofuscar o altivo pavio e ele acende.
Acende o fogo quase que instantaneamente. Destrutivo, quente como o inferno. O fogo é laranja, ardente de vida. O fogo é intenso, é vibrante, dançante, hipnótico.
Ora, um perfeito espetáculo, beleza incessante para quem vê. Um show de horrores para quem sente. Todos admiram, mas ninguém põe um dedo à prova ao temor de uma queimadura.
Oh, fogo imenso, este mero pavio agora curva-se em louvor à sua grandeza. Faz-me pequeno, rende-me inútil. Faz-me negro de dor com sua majestade diabólica! Queima-me por completo!
Porque o fogo não só desfaz o que é simples e estável. De fato o fogo corrói toda aquela cera, aquela estrutura, aquele suporte infinito, aquele mundo branco e confortável. O pavio curva-se ao seu mundo que derrete abaixo dele. Desfaz-se o chão.
Quando por fim acaba a vela, o que resta? Restam as cinzas, o cheiro azedo de memórias de um passado de parafina. Eis que se acaba a luz. Está findado o espetáculo. O fogo morre e deixa para trás um mundo gris. Um mundo inútil. Um resto de vela não mais vela.
Resta o contentamento da fumaça que por mais cinza que seja é leve. E ascende.
Como que por um movimento falho, um mísero átimo de fricção, eis que me surge uma faísca para ofuscar o altivo pavio e ele acende.
Acende o fogo quase que instantaneamente. Destrutivo, quente como o inferno. O fogo é laranja, ardente de vida. O fogo é intenso, é vibrante, dançante, hipnótico.
Ora, um perfeito espetáculo, beleza incessante para quem vê. Um show de horrores para quem sente. Todos admiram, mas ninguém põe um dedo à prova ao temor de uma queimadura.
Oh, fogo imenso, este mero pavio agora curva-se em louvor à sua grandeza. Faz-me pequeno, rende-me inútil. Faz-me negro de dor com sua majestade diabólica! Queima-me por completo!
Porque o fogo não só desfaz o que é simples e estável. De fato o fogo corrói toda aquela cera, aquela estrutura, aquele suporte infinito, aquele mundo branco e confortável. O pavio curva-se ao seu mundo que derrete abaixo dele. Desfaz-se o chão.
Quando por fim acaba a vela, o que resta? Restam as cinzas, o cheiro azedo de memórias de um passado de parafina. Eis que se acaba a luz. Está findado o espetáculo. O fogo morre e deixa para trás um mundo gris. Um mundo inútil. Um resto de vela não mais vela.
Resta o contentamento da fumaça que por mais cinza que seja é leve. E ascende.
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