Sempre há quem goste de tirar fotos. Ficam todos cheios de si quando vêem uma lente apontada em sua direção. Há quem não ligue e finja que as lentes não existem. Há quem não goste mas não liga. Há também quem não goste e coloque a mão (ou qualquer coisa ao alcance) na frente.
No final, o mundo, com toda a sua vastidão de pessoas e objetos, proporciona infinitas possibilidades de fotografia. Independente de objetividade (o eterno paradoxo fotográfico de capturar um momento real, concreto e objetivo e ao mesmo tempo uma mensagem simbólica e subjetiva), é na natureza que encontramos a inspiração, a peça, a obra.
Quem não admira um retrato infantil sorridente ao brincar com uma bola? Ou uma fotografia de um beijo apaixonado de casamento? Quem não sente aconchego ao vislumbrar a imagem de um casal de idosos lendo juntos em frente a uma fogueira? Afinal, quem não fica maravilhado ao ver a foto do crepúsculo ou da aurora?
Um fotógrafo que é artista irá induzir suas próprias experiências para dentro da sua imagem. Ele lançará ao mundo suas sensações e suas impressões. O artista é empregado do que existe, constantemente eternizando a vida.
É irônico o fato de que é impossível viver e fotografar. Quem vê a vida por lentes dá um grito mudo de sua eterna vontade de participar do momento que presenteia o mundo.