sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Dom

Eu não poderia ser médico.

Seis anos de faculdade, um de clínica geral, mais sei lá quantos de residência. Fora todos os plantões, estágios, pós-graduações, convenções e congressos. Enfim. Há muito o que se fazer e estudar quando se quer ser médico.

Mas não é por isso que eu não seria médico. É porque eu não tenho o dom.

Ora, afinal. Eu só sou artista porque eu tenho "o dom". As pessoas vivem dizendo isso. "Ah, eu não tenho esse dom". Todos os desenhistas são providos de uma luz na hora do seu nascimento, um toque divino.

Não acredito nessa baboseira não. Toda criança desenha. Ou quase toda. Todas que eu conheço, pelo menos. A diferença é que algumas perdem o interesse e outras não.

Desvencilhe-se dessa etiqueta. "Dom" é sinônimo de desmérito.

Disso estou certo. Não tenho 'dom' para desenhar. Só prazer e um punhado de prática.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Em partes

Não há símbolo que me defina, nem palavra.
Ninguém pode resumir um ser.

Não sou só, sou em partes.

Sou metade isso, metade aquilo.
E da subdivisão disso e daquilo.
Sou um certo tudo. Mau e bom e o entremeio.

Vivo, morto e o entremeio.
A complexidade.